“Assim como não é bom ficar a
alma sem conhecimento, peca aquele que se apressa com seus pés” (Pv 19.2).
A precipitação leva o homem a colher tristes resultados em sua vida.
Jeftá foi o
nono juiz em Israel. Após a morte de seu antecessor, os israelitas, por causa de
sua idolatria, deixaram o Senhor, que permitiu que fossem entregues os amonitas,
ficando oprimidos por eles por cerca de dezoito anos. Diante disso, clamaram a
Deus, confessaram-lhe o seu pecado, tiraram os seus ídolos e voltaram a servir
ao Todo-Poderoso (Jz 10.6-16).
Jeftá, que significa “Deus abre”, era filho de Gileade com uma prostituta (Jz
11.1). O vocábulo “Gileade” aparece na Bíbla como:
a) Pessoa - Era neto de Manassés e deu origem aos gileaditas (Nm 26.29,30).
Jeftá pertencia a esta família (Jz 1.11,40, 12.7),
b) Lugar - Era uma região montanhosa, a leste do rio Jordão.
Os irmãos de Jeftá, por parte de pai, aborreciam-no
pelo fato de ser ele filho de uma prostituta, e, assim, não queriam que
participasse da herança deixada por Gileade. A sociedade local também o
aborrecia e repelia. Tais fatos levaram-no a se retirar daquela região para as
terras de Tobe (Jz 11.2,3,6,7). Portanto, foi banido do meio de seu povo. Ele
refugiou-se em Tobe, onde tornou-se chefe de um bando de homens cruéis que o acompanhavam.
Foi no decorrer deste período que ele adquiriu suas habilidades violentas, que
mais tarde foram colocadas a serviço da libertação de Israel.
Sua convocação deveu-se, principalmente, aos seguintes aspectos:
1) Suas características - Ele era valente e valoroso (v. 1), decidido (vv.
9-11), e reconhecia a soberania de Deus em tudo (vv. 10,30).
2) Sua escolha - Foi uma escolha de Deus (1 Sm 12.11), em resposta à oração do povo
(Jz 10.15,16). Para liderar os israelitas contra o inimigo, era necessário um
homem que tivesse as qualidades de Jeftá. Daí, a escolha dos anciãos de Gileade
recair sobre ele, e foram busca-lo em Tobe. Ele retornou para sua terra, a fim
de ser o cabeça e o libertador do povo (Jz 11.9-11).
3) Sua estratégia para a pacificação - Ainda que valente, procurou o caminho da
negociação, do diálogo; porém, seus esforços diplomáticos redundaram em nada
(vv. 12-28). Em tudo vemos em Jeftá uma liderança eficaz, intensa, de caráter e
vontade definidos, e de um vasto conhecimento bíblico.
4) Sua unção - Ele era cheio do Espírito Santo. Movido por este poder, ele percorreu
grande parte do território de Gileade e Manassés, para o reconhecimento da área
e arregimentação do exército que enfrentaria os inimigos. O Espírito de Deus
vem sobre nossas vidas a fim de nos capacitar para realização da obra do Senhor
(Zc 4.6; At 1.8).
Anelando pela vitória, Jeftá precipitou-se e fez um voto absurdo. Ele prometeu que, se
fosse vitorioso, ofereceria em holocausto quem saísse de sua casa ao seu
encontro, quando ele retornasse do campo de batalha. Consideremos que:
· Ele não era obrigado a fazer o voto (Dt 23.22), pois não havia alguma
exigência a respeito;
· O voto era desnecessário, pois Deus o havia escolhido para libertar o
seu povo;
· Ninguém podia oferecer a Deus algo que não lhe pertencesse (Lv
27.26-30). A Bíblia nos admoesta sobre votos precipitados (Ec 5.5,6; Pv 20.25).
Jeftá, ao regressar à sua casa, foi recebido por
sua filha, com muita alegria, em comemoração ao êxito de seu pai. Ele
sentiu-se, então, derrotado. Comunicou-lhe o voto que fizera, e ela pediu-lhe
dois meses de vida, para chorar a sua virgindade com as amigas. Os dois
terríveis meses se passaram e o sacrifício foi consumado. Consideremos:
a) Deus não lhe deu a vitória por causa do voto, pois não aceita tais
ofertas. Sacrifícios humanos jamais foram tolerados por Deus, pois Ele proibiu
(Dt 12.30,31, 18.10; Sl 106.37,38).
b) Embora a lei do voto exigisse o seu fiel cumprimento (Nm 30.2; Ec 5.4,5;
Jó 22.27; Sl 76.11), havia nela exceções, como o juramento irrefletido de uma
filha ou esposa, que poderia ser anulado por seu pai ou esposo, respectivamente
(Nm 30.3-16), e era perdoado pelo Senhor, ficando desobrigada do seu cumprimento.
Após a vitória contra os amonitas, Jeftá precisou lutar contra os perturbadores efraimitas, no lado ocidental do rio Jordão. Deus,
mais uma vez, concedeu-lhe uma grande vitória. Depois disso, ele julgou Israel
apenas seis anos e faleceu, sendo sepultado em Gileade (Jz 12.7).
A precipitação-leva nos errar o caminho (Pv 19.2),
e à pobreza (Pv 21.5), e a julgar erradamente (Sl 116.11). Precisamos pedir
sabedoria a Deus, para que nossos atos não sejam precipitados, não somente
diante dos homens, mas também perante o Senhor (Ec 5.2).
Trechos extraídos
da Lição 6 da revista “Aprendendo com os erros e acertos dos servos de Deus” -
2º Trimestre de 1996
(Jovens e Adultos, Lições Bíblicas - CPAD)
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