
Aconteceu depressa demais. Num minuto Barrabás
estava na cela da morte, com os pés batendo na parede, e no seguinte foi solto;
piscando os olhos por causa do sol brilhante.
“Você está livre.”
Barrabás coçou a barba. “O quê?”
“Você está livre. Eles ficaram com o Nazareno em
seu lugar.”
Barrabás tem sido muitas vezes comparado com a
humanidade e isso é certo. De muitas maneiras ele nos representa: um
prisioneiro libertado porque alguém que jamais vira tomou o seu lugar.
Penso, porém, que Barrabás era provavelmente mais
esperto que nós em um aspecto.
Quanto sabemos, ele aceitou sua repentina liberdade
pelo que era, um presente não merecido. Alguém lhe atirou um salva-vidas e ele
agarrou-o, sem perguntas. Não é possível imaginá-lo usando alguns de nossos
truques. Nós recebemos nosso presente gratuito e tentamos ganhá-lo,
diagnosticá-lo, ou pagar por ele, em vez de dizer simplesmente “obrigado” e
aceitá-lo.
Por mais irônico que pareça, uma das coisas mais difíceis
é ser salvo pela graça. Há alguma coisa em nós que reage negativamente ao dom
gracioso de Deus. Temos uma compulsão estranha que nos leva a criar leis,
sistemas, regulamentos, para nos tornar “dignos” de nosso dom.
Por que agimos assim? A única razão em que posso
pensar é o orgulho. Aceitar a graça significa aceitar a sua necessidade e a
maioria das pessoas não gosta disso. Aceitar a graça também significa que o
indivíduo compreende o seu desespero e quase ninguém aprecia isso também.
Barrabás, porém, foi mais sabido. Perdido para
sempre na cela da morte, ele não recuou ao ver-se libertado. Ele talvez não
compreendesse a misericórdia e certamente não a merecia, mas não a recusou.
Devemos procurar entender que nossa dificuldade não é muito diferente da de
Barrabás. Nós também somos prisioneiros sem possibilidade de apelação. Mas
porque alguns preferem continuar presos quando a porta da cela foi aberta é um
mistério que vale a pena ser estudado.
“Porque
a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens.”
(Tito 2:11)
“Pois
vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de
Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.”
(Efésios
2:8,9)
(Max
Lucado)
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