“Faça-me assim o Senhor, e
outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti” (Rute 1.17b).
A fidelidade nas coisas mínimas nos conduz às maiores bênçãos.
Na relação
de mulheres notáveis da Bíblia, o nome de Rute é um dos mais importantes. Veremos
como Rute, uma moça gentia, entrou, pela fé, no meio do povo de Deus, venceu os
obstáculos e recebeu a bênção divina em sua vida, deixando-nos lições preciosas
para observarmos.
O vocábulo
Rute significa “companheira”, o qual, por si só, já demonstra o que foi sua
vida. Noemi, sua sogra, cujo nome
significa “agradável”, era uma mulher que possuía os seguintes predicados:
confiava em Deus, reconhecendo-o em todos os atos de sua vida (Rt
1.6,8,9,13,20,21, 2.20), era conselheira e amiga das noras (Rt 1.8,9,11-13,
2.22), abnegada (Rt 1.19-21), bondosa e persistente (Rt 3.1), carinhosa (vv. 14-16),
etc. Ela era casada com Elimeleque e tinha dois filhos: Malom e Quiliom. A fim
de escapar da fome que se agravara, a família deslocou-se de Belém para as
campinas de Moabe, onde o chefe da casa faleceu (Rt 1.1-3). Rute casou-se com Quiliom. No entanto,
menos de dez anos depois, este veio a falecer, como também seu irmão Malom, que
havia se casado com Orfa, outra moabita (vv. 1-4). Com a morte dos maridos,
ficaram três viúvas em uma só casa: uma já idosa, e as outras duas mais jovens,
ambas sem filhos. Diante dos fatos, Noemi resolveu voltar para Belém, cerca de
oitenta quilômetros de onde estava, pois ouvira falar que a fome acabara em sua
terra (v. 6). Sabendo das dificuldades que encontrariam em Israel, ela tentou
convencer suas noras que voltassem às casas de seus pais, onde poderiam casar-se
de novo. Orfa resolveu aceitar as instâncias de sua sogra, e desistiu de
continuar a viagem. Porém, Rute não
queria se afastar dela, disposta a compartilhar as durezas da vida de viúva,
em Israel, junto a Noemi (vv. 8-17).
Rute era moabita (Rt 1.22, 2.2,6,21, 4.5) e, como tal, não poderia fazer parte do povo
de Deus (Dt 23.3-6; Ne 13.1); mas sua lealdade e confiança foram
maravilhosamente recompensadas, merecendo ser ela uma exceção à regra, devido à
excelência do seu caráter. Ela se
integrou perfeitamente ao povo de Deus, o que vemos em sua declaração a
Noemi (Rt 1.16). Como é importante que vivamos uma autêntica vida cristã, para
que os que estão ao nosso redor possam também ter um encontro com Deus (Mt
5.13-16)! Pela confissão feita por Rute,
vemos que sua confiança em Deus era muito grande (vv. 16,17), não se tratando
de algo superficial, mas de uma profundidade inabalável. É uma das mais belas
afirmações que lemos na Bíblia! A fé viva
em Deus produz excelentes obras (Tg
2.14-26). Foi o que aconteceu com Rute. Ela era trabalhadora, ganhava o
sustento para si e para sua sogra (Rt 2.7,18,23), virtuosa (Rt 3.11), obediente
(v. 5), amorosa (v. 15), companheira (Rt 2.11), humilde (v. 13), generosa (vv.
17,18). É importante observar o testemunho que outros davam dela (vv. 6,11,12).
Devemos viver de tal modo que tenhamos o
bom reconhecimento de todos (1 Tm 3.7)!
Grande foi a recompensa de Rute por sua fidelidade. Podemos ver isto:
a) No plano de Deus para sua vida - Deus tem um plano para cada um de nós, quando
estamos em comunhão com Ele. Com Rute, podemos ver a mão de Deus conduzindo-a
em tudo: a felicidade de trabalhar com Boaz (Rt 2.5); o tratamento diferenciado
dele para com ela (vv. 8,9); o fato de ela ter achado graça diante de seus
olhos, e ter sido convidada por ele a comer junto com seus segadores (vv.
14-16).
b) No plano de Noemi para ajudá-la - Quando Noemi soube do encontro de Rute com Boaz,
ela traçou um plano, instruindo Rute sobre como deveria proceder, de modo a
atrair a atenção dele, sem também mostrar-se uma mulher vulgar (Rt 3.1-4).
c) No seu remidor - Boaz era primo de Elimeleque, marido de Noemi (Rt 2.1). Portanto,
deveria ser, de acordo com as leis judaicas, o remidor (Lv 25.25,47).
d) No seu casamento - Boaz, cujo nome significa “força”, era um homem valente (Rt 2.1),
poderoso (v. 1) e confiante em Deus (vv. 4,12). Deveria ser bem maduro, e era
solteiro. Rute, embora viúva, provavelmente tivenha, na época, vinte e cinco
anos, pois que, na antiguidade, as mulheres casavam-se muito jovens. Boaz
tencionava ser o remidor de Rute, e depois desposá-la (Rt 4.1-13).
e) No nascimento de seu filho - Grande foi sua recompensa e honra. O filho do
casal, Obede, foi avô paterno de Davi (v. 22). Desta maneira, Rute está
mencionada na genealogia de Jesus (Mt 1.5).
f) Na bênção que trouxe a Noemi - A bênção na vida de Rute foi muito grande, e
dela Noemi participou. Ela, que havia ficado destituída de seu esposo e filhos,
e também empobrecida (Rt 1.1-5,21, 3.17), terminou seus dias feliz, segura de
si, radiosa de esperança (Rt 4.13-17). Deus a provou intensamente (Rt 1.13,20),
porque tinha um propósito todo especial para sua vida.
Muitos são os detalhes, que envolvem a vida de Rute,
que são figuras plenas da salvação
que experimentamos em Cristo. Vejamos:
1) Ela deixou sua família e seu país. Assim também nós devemos renunciar tudo para
seguirmos a Jesus (Mc 10.28-31).
2) Aceitou o povo e o Deus de Israel. Nós aceitamos a Jesus (Jo 1.12) e à doutrina do
modo de viver do povo de Deus (Rm 6.17).
3) Foi convidada para sentar-se à mesa com Boaz. Nós fomos convidados para participar do banquete
da salvação de Jesus (Lc 14.15-24; Ap 3.20)
4) O fato de ser gentia não a impediu de ser recebida. Na salvação de Jesus, desaparecem raça, cor, sexo,
etc (Ef 2.11-17; Cl 3.11).
5) Ela saiu de Moabe e veio a Belém. Nós saímos de um mundo perdido para virmos a
Belém, cujo significado é “casa de pão”, ou seja, para sermos alimentados
espiritualmente (Mt 4.4; Jo 6.48-51).
6) Duas pessoas disputavam por Rute (Rt 3.12,13; 4.1-6). Na nossa vida, também há dois
senhores (Mt 6.24), ou seja, Satanás, que deseja nos arruinar (Jo 10.10), e
Jesus, que nos concede a sua gloriosa paz (Jo 14.27).
7) Rute ficou comprometida com Boaz. A Igreja é a Noiva de Cristo (2 Co 11.4), e tem
um compromisso de ser fiel a Ele (Ap 2.10), pois o aguarda a qualquer momento
(Mt 25.1-13).
8) Boaz remiu Rute e casou-se com ela. Nós fomos remidos com o precioso sangue de Cristo
(1 Pe 1.18,19) e, um dia, pelo Arrebatamento, encontrar-nos-emos com Ele nos
ares (1 Ts 4.13-18). Nós, a Noiva do Cordeiro, seremos a sua esposa (Ap
19.6,7,9), e estaremos sempre com Ele.
Vivamos uma vida
de inteira fidelidade a Deus, à sua Igreja, aos irmãos e à sociedade, a fim de
que o galardão prometido aos que assim procedem seja uma realidade em nossa
vida presente e futura.
Trechos extraídos
da Lição 8 da revista “Aprendendo com os erros e acertos dos servos de Deus” -
2º Trimestre de 1996
(Jovens e Adultos, Lições Bíblicas - CPAD)
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