“Não havendo sábios conselhos, o povo cai, mas na multidão de conselhos
há segurança” (Pv 11.14).
Aquele que ouve um
bom conselho e o coloca em prática demonstra autocrítica, humildade e
sabedoria.
Jetro era descendente de Midiã, filho de
Abraão com sua mulher Cetura (Gn 25.1-6; 1 Cr 1.32). Seu nome significa “excelência”,
e seus outros nomes são Reuel (Êx 2.18) e Hobabe (Jz 4.11). Ele era um homem
equilibrado, íntegro, de bom senso, conselheiro, hospitaleiro, etc. A Bíblia
não revela que divindade ele apregoava ao povo antes de conhecer Moisés (Êx
2.15,16). Porém, durante os 40 anos que esteve em Midiã, Moisés teria lhe ensinado
a respeito do verdadeiro Deus, fato este evidenciado pelas palavras e atitudes
que tomou após ouvir o relato de Moisés a respeito do que o Todo-Poderoso
fizera a Israel no Egito e no deserto (Êx 18.8-13). Ele alegrou-se com os feitos
do Senhor (v. 9), reconheceu a soberania e o poder do Onipotente (v. 10),
percebeu ser Jeová maior que todos os deuses (v. 11), apresentou um verdadeiro
culto ao Criador, com sacrifícios e holocaustos (v. 12), que contou inclusive
com a participação de Arão e dos anciãos de Israel, o que indica ser ele um
servo de Jeová, o Deus de Moisés.
Como sogro (Êx 18.1,2), Jetro participou
da vida de Moisés no seguinte:
1) Acolheu Moisés - Quando
Moisés fugiu de Faraó, encontrou acolhida em sua casa, em Midiã (Êx 2.15-21).
2) Deu uma de suas filhas como esposa - Dei Zípora
a Moisés, como esposa, com a qual o legislador teve dois filhos: Gérson e Elieser
(cp 18.3; At 7.29).
3) Deu trabalho para Moisés - Moisés apascentava
o seu rebanho de ovelhas (Êx 3.1).
4) Aprendeu sobre Jeová - Moisés certamente
falou sobre o verdadeiro Deus (cp. 4.18), pois tivera um encontro com Ele (cp.
3.1-22).
5) Reconheceu a missão de Moisés como libertador
- Quando Moisés relatou a sua chamada para ir ao Egito, a fim de libertar
Israel, conforme a revelação divina, Jetro disse: “Vai em paz” (cp. 4.18).
6) Abrigou Zípora e seus filhos - Talvez
por razão de segurança, Moisés enviou sua esposa e filhos para se abrigarem na
casa do sogro (cp. 18.2)
7) Levou a família para Moisés - Ao ser
informado de que Deus havia libertado os hebreus e estavam no deserto, próximos
do monte Sinai, tomou Zípora e os seus filhos e os trouxe a Moisés (vv. 1-6),
para mantê-los unidos.
Existem maus conselhos, como os
dos ímpios (Sl 1.1), dos pecadores (Pv 1.10), dos perversos (Pv 12.5), etc. Porém,
há bons conselhos, como os dos anciãos de Roboão (1 Rs 12.7), o de Daniel a
Nabucodonosor (Dn 4.27), etc. O de Jetro
foi bom e sábio, o qual Moisés atendeu. Jetro possuía os requisitos para
dar conselhos. O autêntico conselheiro deve experimentar o que diz Romanos 2.21,22
e 1 Coríntios 9.27. O propósito de Jetro era ajudar Moisés, visando aliviá-lo
da árdua tarefa que exercia sozinho, pois, se assim continuasse, certamente desfaleceria
(Êx 18.17,18). Seu conselho chegou na hora certa. Ele observou que Moisés
estava sobrecarregado e, como consequência disto:
a) O povo ficava em pé desde a manhã até à tarde - Certamente isto provocava murmurações entre eles, devido à demora no
atendimento, tendo que ficar em pé quase o dia todo.
b) Todas as questões espirituais e materiais eram resolvidas só por Moisés - Quando Israel saiu do Egito, eles eram cerca de 600 mil homens, sem
contar as mulheres e crianças (cp. 13.27). Imagine grande parte deste povo
consultando o legislador que não possuía auxiliadores! Nos dias de hoje, muitos
querem fazer tudo sozinhos e se julgam “super-homens”. São pessoas que desejam
manter o “poder” em suas mãos, ou não confiam nos outros, esquecendo-se eles
que o trabalho de Deus funciona em equipe, como um corpo, onde cada um deve
fazer a sua parte (Ef 4.16), pois recebeu um dom para fazer um trabalho
específico na obra do Senhor (1 Co 12.1-31), e ninguém é insubstituível.
c) Estava sujeito a desfalecer - Poderia
ficar com estafa, e não se apercebia disto. Jetro, muito experiente, observou o
fato (Êx 18.14) e o aconselhou. Alguns morrem fora da hora devido aos
extremismos (Ec 7.16,17).
Pelo conselho de Jetro, Moisés deveria: 1) ser o guia espiritual do povo
perante Deus - ele deveria apenas interceder pelo povo diante do Senhor (v. 9)
e julgar as questões difíceis e complexas (v. 22); 2) declarar a lei do Senhor ao
povo e ensinar-lhe como andar perante Deus (v. 20); e 3) formar uma equipe de
pessoas para ajuda-lo (vv. 21,22). Essas pessoas deveriam ser:
· Capazes -
No conhecimento de Deus, na prática de sua vontade e na habilidade para
executar a sua obra;
· Tementes a
Deus - Temor de Deus não é ter medo do Senhor, e sim o receio de ofender o Todo-Poderoso
(Gn 39.9); é pensar antes de agir;
· Homens de
verdade - Corajosos, destemidos, ousados e confiantes;
· Que aborrecessem
a avareza - A avareza é idolatria (Cl 3.5). “A vida de cada um não consiste na
abundância do que possui” (Lc 12.15);
· Maiorais
de mil, cem, cinquenta e dez - Condições de liderarem quantidades diferentes de
pessoas. A capacidade e a sabedoria vêm de Deus ((2 Co 3.5,6; Tg 1.17,
3.15-18);
· Que julgassem
as questões pequenas do povo - Deus colocou na igreja pessoas com capacidade
para julgar as coisas inerentes ao povo (1 Co 6.1-7).
Jetro era um homem que conhecia a Deus e pôde dar um conselho sábio, que
foi aceito por Moisés na íntegra (v. 24). Moisés não se julgou o “dono da
verdade”, mas percebeu que precisava redirecionar seu trabalho. Ele tinha
autocrítica. O sábio ouve o conselho (Pv 12.15) e crescem entendimento (cp.
9.9), mas o “sabido” nada aceita, pois julga saber tudo e acha que não precisa
da ajuda de alguém.
Que a nossa vida possa sempre ser orientada em todos os detalhes pelos
sábios conselhos da Palavra de Deus (Sl 73.14; Pv 19.21), bem como pelas
orientações daqueles a quem o Senhor constituiu como líderes sobre o Seu povo
para ajudá-lo, o que nos resultará sempre em bênçãos extraordinárias.
Trechos extraídos da Lição 3 da revista “Aprendendo
com os erros e acertos dos servos de Deus” - 2º Trimestre de 1996
(Jovens e Adultos,
Lições Bíblicas - CPAD)
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